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18 julho 2025

A COISA TÁ CADA VEZ MAIS FEIA: Brasileiro confia menos em tudo - até na família, revela pesquisa Ipsos-Ipec


O tecido social do Brasil está se esgarçando - e rapidamente. A imagem é tão gasta quanto as erodidas relações interpessoais e institucionais entre os brasileiros. Pesquisa Ipsos-Ipec mostra que todas as 20 instituições avaliadas perderam algum grau de confiança da população de 2024 para 2025. Dos bombeiros aos partidos políticos, sem exceção. Mas não foram só as instituições.

 

No último ano, os brasileiros perderam também parte da confiança que depositavam em seus compatriotas, em seus vizinhos, em seus amigos e até em familiares. Os resultados da pesquisa são alarmantes. Além de não se restringir à política, a desconfiança cresceu ampla e intensamente. Ela se espalhou por todo tipo de relação social, da delegacia ao banco, da escola ao hospital. Da rua à casa.

 

O Ipsos-Ipec transforma a pesquisa em três índices: 1) confiança nas instituições, 2) confiança em pessoas e grupos sociais e 3) a média dos dois anteriores, chamada de Índice de Confiança Social (ICS).

 

O ICS caiu 4 pontos de 2024 para 2025. As últimas vezes em que houve uma queda desse tamanho foram em 2018 (ano da eleição de Bolsonaro) e em 2015 (ano dos protestos contra Dilma, que levaram ao impeachment no ano seguinte). Queda maior do que 4 pontos só houve uma vez, em 2013 (ano dos protestos em massa, quando caiu 7).

 

Também caiu 4 pontos o indicador de confiança restrito às 20 instituições avaliadas: de 60 para 56 pontos numa escala de 0 a 100, em que zero equivale a total desconfiança, e 100, a confiança absoluta.

 

O indicador de confiança interpessoal avalia a confiança em pessoas da própria família do entrevistado, em seus amigos, em seus vizinhos e nos brasileiros em geral. Na média, confiança interpessoal caiu 3 pontos. As únicas quedas equivalentes aconteceram em 2020 na pandemia (de 67 para 64 pontos) e nas jornadas de 2013 (de 70 para 67 pontos).

 

A queda da confiança foi de 3 pontos em pessoas da família, de quatro pontos (65 para 61) nos amigos, de 2 pontos nos vizinhos (de 57 para 55) e de 3 pontos (54 para 51) nos brasileiros em geral.

 

As mudanças foram em sentido oposto para ricos e pobres. A confiança interpessoal entre pessoas das classes de consumo D e E foi na contracorrente e aumentou 2 pontos desde o ano passado (60 ara 62). Já nas classes A/B e C, caiu 4 pontos.

 

No médio prazo, a tendência é de queda da confiança para todos os grupos sociais e para a grande maioria das instituições. Nos últimos 15 anos, a confiança em pessoas da família, por exemplo, caiu de 91 para 79 (menos 12 pontos). Nos meios de comunicação, a perda foi ainda maior, de 71 para 54 pontos (menos 17 pontos).

 

O Ipec faz a pesquisa anualmente desde 2009. O instituto pergunta a uma amostra representativa da população brasileira adulta se tem "muita confiança", "alguma confiança", "quase nenhuma confiança" ou "nenhuma confiança" em cada uma das instituições e grupos de pessoas. As respostas são transformadas em índices, não são percentuais.

 

Pode-se dizer que quando o índice de uma instituição cai abaixo de 50, ela provoca mais desconfiança do que inspira confiança na população. Até o ano passado, apenas quatro instituições haviam cruzado esse limiar: presidente da República, sindicatos, Congresso Nacional e partidos políticos. Em 2025, somaram-se ao grupo sub-50 o Poder Judiciário e o governo federal.

 

Porém, a queda foi geral. Mesmo instituições nas quais os brasileiros confiam mais do que desconfiam sofreram desgaste grande: 7 pontos a menos para organizações da sociedade civil, 6 pontos a menos para polícia, empresas e bancos, por exemplo.

 

A perda de confiança nas instituições é perigosa para a democracia. Estudo apresentado no congresso mundial de opinião pública por Marcia Cavallari, diretora do Ipsos-Ipec, revela que existe uma forte correlação entre confiança institucional e satisfação com o sistema democrático.

 

A Justiça eleitoral, o Poder Judiciário e o presidente da República estão entre as instituições cuja descrença influencia mais negativamente o que os brasileiros pensam do regime democrático. Perda de confiança nelas é especialmente perigosa para a satisfação com a democracia e, logo, para a estabilidade do país.


Com Portal UOL

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