Na primeira semana na presidência
da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) delineou diferenças de
estilo em relação ao antecessor, Arthur Lira (PP-AL).
Um dos primeiros pedidos que fez
à equipe da Câmara foi o levantamento do número de requerimentos de urgências
aprovados em plenário: mais de 2.000.
Com urgência, o projeto pula
etapas na tramitação nas comissões e vai a voto direto em plenário. Além de
acelerar a eventual aprovação, é uma forma de concentrar poder no presidente da
Casa, que é quem define a pauta.
Motta sinalizou que fará um
pente-fino nos requerimentos e voltará a fortalecer as comissões temáticas,
esvaziadas na gestão Lira a partir da pandemia.
O novo presidente também
determinou presença física obrigatória às quartas-feiras, o que deve reavivar o
convívio entre deputados. As restrições sanitárias impostas pela covid levaram
a Câmara a praticamente substituir o voto presencial pelo remoto. Agora mudou.
Ou começou a mudar.
Outro gesto adotado nos primeiros
dias na cadeira evidenciou diferenças entre Motta e Lira. O novo presidente
recebeu, dentro das instalações da Câmara dos Deputados, dois ministros com os
quais o antecessor mantinha relações estremecidas.
Fernando Haddad, da Fazenda, foi
levar institucionalmente uma lista de projetos prioritários do governo. Junto
com ele foi Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, com quem Lira
rompeu publicamente. "A Casa está mais institucional", notou um líder
partidário. "Menos hostil”.
A diferença de estilo ficou
evidente até depois do expediente. As festas de um e de outro mostram
concepções diferentes do cargo. Lira fez uma despedida na residência oficial da
Câmara, um patrimônio da União, na sexta-feira (31).
Recebeu alguns deputados, pouca
gente do governo Lula, e muitos familiares. Acompanhantes de políticos lotaram
o salão. Jornalistas que não estavam na lista foram barrados na porta.
A noitada de Motta, por sua vez, ocorreu em uma casa de eventos. Todo jornalista que se identificasse na porta podia entrar. Havia poucas acompanhantes. Todos os deputados foram chamados. Lobistas e empresários circulavam num ambiente considerado mais institucional por um convidado. "Parecia uma confraternização no salão verde", ele disse, referindo-se à antessala do plenário da Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário