Os Correios amargaram um prejuízo
de R$ 1,72 bilhão no primeiro semestre de 2025. O salto de 115% em relação ao
mesmo período do ano anterior — quando as perdas foram de R$ 801 milhões acende
um alerta grave sobre o futuro da estatal. Mais que um número preocupante, o
rombo revela uma crise que ameaça um dos maiores patrimônios públicos do
Brasil.
Presente em todos os 5.570
municípios, os Correios são muito mais que uma operadora de encomendas. Ela
cumpre um papel social vital, especialmente nas regiões mais remotas, onde
empresas privadas simplesmente não chegam. São mais de 11 mil agências ativas,
das quais quase 6 mil são os únicos meios de comunicação e prestação de
serviços postais em suas localidades.
A estatal não entrega distribui
apenas cartas e encomendas. Ela viabiliza serviços bancários, operações do
INSS, entrega de livros didáticos e distribuição de vacinas, além de garantir a
logística do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de eleições em áreas
isoladas. Em 2024, foram mais de 2,5 bilhões de objetos postais movimentados,
sendo que 30% deles para localidades onde não há alternativa privada.
As causas do prejuízo são
múltiplas. A crise econômica, a concorrência acirrada do mercado privado, os
avanços tecnológicos e a queda na demanda por serviços tradicionais como o
envio de cartas impactaram fortemente as finanças da empresa. Além disso, há
anos os Correios sofrem com falta de investimentos, defasagem tecnológica e
sucessivas gestões marcadas por decisões questionáveis.
A má gestão é encoberta pela
falta de transparência. Nem sempre as decisões são tomadas com base na demanda
e na realidade financeira da empresa, mas para satisfazer interesses políticos
e ideológicos por meio da distribuição de cargos.
Dessa forma, fica prejudicado o
real objetivo de uma empresa pública, que é prestar serviço à população de
maneira eficiente, sustentável e dentro da legalidade. O abandono desses
princípios é capaz de ocasionar prejuízos econômicos e políticos ao país.
Redação com Jornal O Tempo

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