Uma ampla pesquisa, com mais de
dez mil entrevistados, realizada pela ONG More in Common em parceria com a
Quaest, coordenada por Pablo Ortellado, professor de Políticas Públicas da
Universidade de São Paulo, mostrou que a polarização política que muitos pensam
existir no Brasil é enganosa.
O senso comum, amplificado pelas
caixas de ressonância das redes sociais e pelo calor do debate político, é de
que o Brasil está irremediavelmente polarizado, dividido em duas metades
viscerais: petistas de um lado, bolsonaristas de outro, mas os dados do
levantamento mostram que não é bem assim.
O Brasil, segundo o estudo, não
se divide em dois lados que se veem como petistas ou bolsonaristas, direita ou
esquerda, mas em seis segmentos ideológicos. E o plot twist está exatamente no
tamanho desses grupos, que desmontam essa interpretação e revelam um panorama
mais complexo e cheio de nuances.
De acordo com os dados, os
segmentos que formam as pontas polarizadas são pequenos. À esquerda, os
Progressistas Militantes representam cerca de 5% da população. À direita, os
Patriotas Indignados somam aproximadamente 6%. São esses os grupos mais
engajados e ruidosos. Eles, inclusive, puxam consigo dois outros grupos de
apoio, mais numerosos e menos engajados: a Esquerda Tradicional (14%) e os
Conservadores Tradicionais (21%).
Juntos, no entanto, todos esses
grupos somam 46% da população. Ocorre que os outros 54%, a tal maioria
silenciosa, são compostos por dois segmentos gigantes, que o estudo batizou de
Desengajados e Cautelosos. Cada um deles corresponde a 27% da população brasileira.
O primeiro é mais progressista e o segundo, mais conservador, mas esses rótulos
não explicam seu perfil ou comportamento.
Apesar de toda a gritaria das
minorias, a pesquisa avalia que há um cansaço com o conflito e o desejo por
união é um sentimento crescente e presente em todos os segmentos. Uma ampla
maioria de brasileiros acredita que o país tem mais coisas em comum do que
diferenças.
Os 54% que ninguém ouve podem não
estar debatendo no X, mas sua moderação e anseio por união são o motor
silencioso das eleições.
Redação com Portal UOL

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