A 4ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (TRF5), sediada em Recife, manteve a condenação por
improbidade administrativa do ex-prefeito de Sousa, Fábio Tyrone, e de outros
envolvidos, por irregularidades na contratação da clínica oftalmológica Clinor,
com recursos do SUS, durante sua gestão em 2009 e 2010.
De acordo com o Ministério
Público Federal (MPF), houve fraudes em processos licitatórios, incluindo
pagamentos duplicados e superfaturamento de serviços. O contrato original era
de R$ 112 mil, mas foram pagos R$ 319 mil — um aumento de cerca de 280%. O
prejuízo ao erário, segundo a ação, foi de R$ 57 mil.
Os embargos de declaração
apresentados pela defesa foram majoritariamente rejeitados. No entanto, os
desembargadores acataram parte deles para deixar claro, no acórdão, que não há
proibição expressa de Fábio Tyrone contratar com o poder público, ponto considerado
relevante por seus advogados.
Enquanto o processo se desenrola,
Tyrone terá que lidar com o desafio político de manter sua viabilidade
eleitoral diante da repercussão pública da decisão.
A decisão manteve as sanções:
ressarcimento ao erário, multa e suspensão dos direitos políticos. Contudo,
juristas esclarecem que essa suspensão só terá efeito após o trânsito em
julgado, o que ainda não ocorreu.
Repercussão política
A condenação gerou repercussão
nos bastidores do PSB, partido ao qual Tyrone é filiado e apontado como um dos
nomes mais fortes para disputar uma vaga na Câmara Federal em 2026. O momento é
considerado delicado, já que o partido enfrenta dificuldades para formar uma
nominata proporcional competitiva.
Apesar do desgaste político, a
defesa de Tyrone garante que ele segue plenamente elegível. Segundo o advogado
Romero Abrantes, o acórdão não menciona enriquecimento ilícito, o que afasta,
por ora, os critérios da Lei da Ficha Limpa.
“A decisão fala apenas em suposto
dano ao erário, e sem a presença simultânea de enriquecimento ilícito, não se
configura a inelegibilidade. Além disso, ainda cabem recursos”, afirmou o
defensor.
Juristas consultados concordam
com a interpretação, mas alertam que o Ministério Público Eleitoral pode ter
outro entendimento e impugnar a candidatura, gerando instabilidade no cenário
político paraibano no próximo ano.

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